Jaru, 24 de junho de 2023, as 16:13
Em 14 de junho, começou a se desenrolar um dos naufrágios mais mortais da história recente do Mediterrâneo: um barco superlotado com estimados 700 migrantes – a maioria do Paquistão, Síria e Egito, e incluindo estimadas 100 crianças – afundou perto da costa grega, sem que houvesse interferência da Guarda Costeira do país, agora acusada de negligência.
Centenas de pessoas seguem desaparecidas, enquanto a ONU pede investigação do caso.
Quatro dias depois, em 18 de junho, o submersível Titan, que levava cinco tripulantes para uma missão exploratória turística aos destroços do Titanic, perdeu contato com sua base, desencadeando operações da Marinha americana e das guardas costeiras dos EUA e Canadá.
Foram cerca de dez embarcações empregadas nas buscas, acompanhadas passo a passo no noticiário por milhões de pessoas ao redor do mundo – até o anúncio de que o Titan provavelmente implodiu, tirando a vida dos seus tripulantes.
Agora, a diferença na cobertura midiática e o interesse global mobilizados pelas duas tragédias marítimas têm sido alvo de discussões, tanto entre especialistas quanto nas redes sociais – com críticas à atuação da imprensa e ao destaque desigual dado Titan em comparação ao drama dos imigrantes que se arriscam no mar.
Priyamvada Gopal, professora de estudos pós-coloniais da Faculdade de Inglês da Universidade de Cambridge, é uma dessas críticas, argumentando que certas vidas individuais têm ganhado destaque enquanto outras são “relegadas às margens da história humana”.
“Acho que a imprensa certamente tem de dar um passo atrás e se questionar a respeito de quais histórias deseja contar e o que trata como sendo ou não de interesse”, diz.