Rondônia: Peixe elétrico amazônico pode matar um ser humano? Especialistas explicam
Jaru, 08 de setembro de 2023
Poraquê é a espécie mais comum na região amazônica; as descargas elétricas fortes são usadas para caça e defesa e podem chegar a 600 volts.
Durante a época da estiagem na região amazônica, é comum que histórias sobre acidentes com peixes elétricos aumentem. Com a seca dos rios e lagos, o aparecimento do peixe, popularmente conhecido como ‘poraquê‘, deixa muitos banhistas apreensivos.
No último sábado (3), um homem de 46 anos morreu afogado após levar um choque de um peixe elétrico no rio São Domingos, em um distrito de Costa Marques (RO).
Para entender se de fato, o choque de um peixe elétrico pode matar um ser humano, o g1 foi atrás de especialistas que explicam detalhes sobre essa espécie.
- O que é o peixe-elétrico?
O peixe-elétrico, mas também chamado de ‘poraquê’ em muitos estados da Amazônia, é a maior espécie de peixe-elétrico e a mais comum na região. Segundo o biólogo Flávio Terassini, ele pode chegar a 2,5 metros de comprimento.
- Quanto de descarga elétrica ele produz e por quê?
O poraquê é o único que produz descargas elétricas fortes, usadas para caça e defesa. Segundo Terassini, a voltagem produzida por ele pode chegar a 600 volts.
Flávio Terassini explica que o peixe só irá atacar uma pessoa se ele se sentir ameaçado e se a pessoa invadir o espaço dele.
“Essa é uma estratégia inclusive, que ele usa pra caçar outros peixes e também se defender de predadores como a sucuri, onça, jacarés que tentam predar o peixe elétrico”, explica.
- Há chances de morrer após levar um choque de poraquê?
De acordo com o biólogo, caso a pessoa esteja completamente dentro da água no momento do choque, é possível que a musculatura seja afetada, o que causa paralisia e aconteça um afogamento.
“A eletricidade é dissipada pela água, atingindo a pessoa que tem a sua musculatura afetada. Essa descarga elétrica vai dar um uma estática nas pernas, nos membros inferiores e superiores e a pessoa começa afundar, porque ela não consegue nadar” explica Flávio.
Ao g1, a Dr. Coordenadora do Laboratório de Ictiologia e Pesca da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Carolina Doria, fez um alerta e disse que a descarga de peixe em si não mata, mas vários fatores contribuem.
“Tem vários fatores que contribuem para que a pessoa morra e o local é um deles, como em lugares lodosos [lamacentos], mas o que mata é essa soma de fatores. É necessário alertar, senão daqui a pouco, o pessoal tá aí matando poraquê“, relata.
Por Mateus Santos, g1 RO