Mãe denuncia agressão contra filho autista em escola “a marca está até agora no bracinho dele”
A mãe de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) denunciou que o filho, de quatro anos, foi agredido por uma cuidadora em uma escola municipal de Vilhena (RO), nesta semana. Vídeos e fotos mostram a criança com marcas vermelhas e roxas no braço.
A agressão aconteceu na Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Omar Godoy. A direção da escola alegou que a criança teve uma crise depois que as professoras tiraram dele um carrinho que o menino sempre carrega consigo e, por este motivo, a cuidadora tentou “protegê-lo”.
“Ele ficou alterado e logo em seguida se agarrou na cadeira com perna e com o braço. A cuidadora foi tentar arrancar ele da cadeira, coisa que eu já falei: ‘ele teve a crise? Não mexe. Deixa ele quieto, porque logo logo ele se regula. Se você for tocar nele ele fica mais nervoso ainda’”, conta a mãe.
De acordo com a mãe, o filho dela tem a necessidade de carregar objetos consigo e os carrinhos são este “item de segurança”. Na semana anterior à agressão, ela foi chamada na escola e as professoras teriam informado que precisavam retirar o carrinho da criança.
“A professora falou que estava se sentindo incomodada com ele andar e estar na sala com esse carro, que ele teria que aprender a ficar sem o carro”, relata.
A mãe relata que há despreparo por parte dos responsáveis pelo filho para lidar com crianças autistas. A denúncia de agressão foi feita na Polícia Civil e no Ministério Público de Rondônia.
“A CUIDADORA DO MEU FILHO NUNCA CUIDOU DE UM AUTISTA. ELA FALOU QUE NÃO CONHECIA O AUTISMO. COMO COLOCAM ALGUÉM PARA CUIDAR DE UMA CRIANÇA AUTISTA SEM PREPARO? SE A CRIANÇA DÁ UMA CRISE, COMO VAI ACALMAR ESSA CRIANÇA? COMO VAI SABER LIDAR SE NÃO CONHECE O AUTISMO?”, QUESTIONA.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) alega que a servidora não teve a intenção de machucar a criança e que a ação da mulher tinha a “intenção de contê-la e evitar que se machucasse”. Quando ao machucado, a pasta se refere como uma “vermelhidão”.
“Quem saiu marcada foi minha criança. A marca dele está até agora no bracinho dele. Eu perguntei: ‘se eu tivesse feito essa marca no meu filho iriam entender que eu estava protegendo ou maltratando?’ Você puxa uma criança pelo braço e se desloca esse braço dessa criança?”, rebate a mãe.
A Semed informou que “se comprometeu em apurar a conduta da servidora” e a prefeitura “se comprometeu em dar total apoio psicológico para a criança e a mãe”. Além disso, a pedido da mãe, o menino foi transferido de escola.
Por Jaíne Quele Cruz, Andreia João, g1 RO e Rede Amazônica